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design sprint
miro
quando
2022
aplicando o design sprint
para descobrir e resolver um problema em 3 dias
Uma das coisas que mais me interessa na minha carreira é observar profissionais que não são designers solucionando um problema e conseguir facilitar esse caminho. É incrível como, muitas vezes, para aguçar a criatividade e o pensamento crítico dessas pessoas, basta seguir um processo bem definido.
Na empresa em que trabalho, aplicamos a metodologia Design Sprint para resolver um problema "simples": a encontrabilidade de estabelecimentos em um de nossos principais aplicativos que tem mais de 109 mil usuários ativos e cerca de 45 mil estabelecimentos credenciados.
No entanto, meu objetivo não era apenas encontrar uma solução para o problema, mas também mostrar a não-designers como funciona o design thinking.
contexto
sobre o design print e motivações
Na época, eu era o único UX Designer da empresa e trabalhava com diversos desenvolvedores. Para considerar a "missão cumprida", eu queria sair da metodologia com a consciência de que esses profissionais teriam uma visão mais assertiva do trabalho de um designer e como eles poderiam aplicar algumas ferramentas no dia a dia.
O objetivo do design sprint é criar uma solução tangível para um problema de negócio ou desafio em um curto espaço de tempo, de forma colaborativa e eficiente. "By the book", o livro em que a metodologia é explicada, nos pede 5 dias para concluí-la. No entanto, aplicamos o sprint em formato de "workshop", o que permitiu que o fizéssemos em apenas 3 dias, sem contar com a prototipação.
Talvez fique mais claro olhando para a imagem abaixo. Onde representar o "salto" que temos aplicando isso. Antes mesmo de construir e lançar um produto ou funcionalidade, nós idealizamos e testamos:
ponto de partida
e o problema a ser resolvido
Tínhamos um Card aberto em nosso Product Backlog há algum tempo, sobre uma funcionalidade de busca de estabelecimentos no nosso aplicativo de Vale Benefícios. Decidimos que essa seria uma boa oportunidade para aplicar o Design Sprint, pois é uma funcionalidade de um produto que temos bastante autonomia para desenvolver novas funcionalidades.
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Como usuário gostaria de que fosse alterada a forma de busca por credenciados para que o fluxo seja mais prático para uso.
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Propósito da história: Realizar alterações na tela de busca por credenciados de forma a tornar a pesquisa mais prática e fácil para o usuário.
A interface original:
Como a metodologia foi aplicada de forma remota, utilizamos a ferramenta Miro para tal.
Abaixo irei descrever cada parte do processo:
primeiro passo
mapear
Na primeira etapa, utilizamos a técnica "Como Podemos?". Como facilitador do Design Sprint, expliquei para os participantes como o processo funcionaria.
Nessa etapa, todos os participantes ouviram uma entrevista com stakeholders e usuários do aplicativo e fizeram anotações. Essas anotações deveriam seguir uma sequência lógica de perguntas, utilizando a estrutura inicial de "Como podemos?".
Fazer perguntas estruturadas é essencial para desenvolver um bom problema. Como designer, sei que reconhecer e descobrir o problema real é uma das tarefas mais importantes para começar um projeto.
Após isso, cada um dos participantes desenhou um fluxo que representaria como o nosso usuário escolheria um estabelecimento para utilizar o seu cartão.
Utilizamos a “votação silenciosa”, para que os participantes pudessem escolher o fluxo que mais se encaixava na realidade e continha os passos mais assertivos. Essa votação permite que cada um pense de forma crítica e que o grupo não se deixe levar por opiniões de membros importantes.
Como facilitador, um ponto primordial é ter a confiança de quem está participando da metodologia. Eu, quando necessário, explicava os motivos de fazermos algum passo. Esse tipo de processo é muito diferente do que as pessoas estão acostumadas e meu papel é fazer com que elas se sintam à vontade ao aprender algo novo.
Após o processo de votação, encontramos a parte que seria o ponto focal do design sprint: Busca e Decisão.
Com isso encontramos o objetivo final daquela funcionalidade:
Aumentar o número de usuários (clientes que usam os cartões) e de credenciados. Pois a nova funcionalidade facilitará o uso para o usuário, e aumentará o lucro para o credenciado.
Como facilitador, essa foi a etapa em que comecei a ganhar mais confiança dos participantes. Aqui ficou claro que a definição do problema estava muito mais aprofundada do que havia no card original. Isso serviu para pautar as próximas decisões e servirá para sabermos se a solução proposta foi efetiva.
segundo passo
hora de esboçar
Tendo o objetivo claro, iniciamos a concepção de uma possível solução.
Na primeira etapa, pedi aos participantes que procurassem no mercado outros produtos que resolvessem problemas semelhantes, o famoso benchmark.
Essa é uma etapa que, geralmente, todo designer realiza e é primordial para que os participantes comecem a "mudar a chave" e sair do pensamento sobre a estrutura do problema para se concentrar na solução.
Cada participante trouxe um exemplo e teve alguns minutos para mostrar como ele resolvia o problema.
Após o benchmark, pedi a cada participante que pegasse uma folha e uma caneta (previamente combinado) para que pudessem fazer algumas anotações.
Dei um tempo de 10 minutos para que eles pudessem voltar e analisar todas as etapas que passamos e tomarem nota dos pontos que consideravam mais importantes. Pedi para que revisitassem o objetivo final e, ao mesmo tempo, fizessem desenhos mais visuais.
Essa etapa não é mostrada para os outros participantes, ela serve para aguçar a criatividade e auxiliar em uma próxima tarefa.
Após isso, cada participante desenhou algumas soluções. Mais 10 minutinhos.
Chegou a hora do temido “Crazy Eigths”. Talvez tenha sido o passo mais desafiador para os participantes. Cada um teria que pegar sua melhor ideia e criar oito variações em um curto período de tempo. Normalmente, utiliza-se 40 segundos para cada variação, mas como facilitador, eu aumentei um pouquinho o tempo sem avisar as pessoas, pois havia sentido essa necessidade.
Para essa etapa, expliquei que também não seria necessário mostrar para os outros participantes e acalmei algumas preocupações.
Agora vem uma etapa decisiva:
Cada participante escolheria a melhor solução que pensou e desenharia alguns esboços e explicaria a solução. Como facilitador, expliquei que essa etapa seria apresentada para todos e que eles fariam uma votação para definir a melhor solução.
A votação foi feita de 3 formas:
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Cada participante teve um voto (verde) para o fluxo ideal como um todo.
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Cada participante teve um voto para pontos específicos de outro fluxo que poderia agregar à ideia principal.
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Cada participante teve vários "votos pequenos" para colocar em pontos específicos de vários fluxos diferentes.
Essa votação permitiu que os esboços parecessem com um "mapa de calor", onde pudemos visualizar os pontos em destaque de cada fluxo.
Após a votação, organizamos o fluxo principal e o adaptamos com outros elementos em destaque no mapa de calor. Nessa etapa, vários pontos se tornaram complementares. Utilizamos o wireframe para essa etapa, ficando assim:
terceiro passo
prototipando a solução
Essa foi uma etapa em que apenas os pontos focais de design do time participaram: eu e o Jojo (nosso UI Developer).
Aqui, pegamos as informações criadas no wireframe para criar uma interface. Como o objetivo seria testar essa interface com usuários reais, criamos vários pontos de interação utilizando o Figma.
Vocês podem ver o resultado final abaixo:
quarta etapa
testar e testar
Agora veio uma das etapas que eu mais gosto de trabalhar: teste com usuário.
Depois de pronto o protótipo, chamei 5 usuários para realizarmos os testes. Como esse é um produto que muitos profissionais da própria empresa utilizam, tive abertura para convidar os participantes do Design Sprint para acompanhar os testes.
Vários pontos importantes de ajustes foram encontrados, mas foram alterações mínimas. No final, os feedbacks foram muito positivos.
Foram realizados testes com diferentes perfis de usuários para garantir que a funcionalidade atendesse a todas as necessidades.
Pedi para que cada participante anotasse os pontos que os usuários falavam durante o teste, sejam positivos, negativos ou neutros.
conclusão
A aplicação da metodologia Design Sprint foi um sucesso. Conseguimos resolver o problema da funcionalidade de busca de estabelecimentos em poucos dias, de forma colaborativa e eficiente.
Além disso, a experiência proporcionou uma compreensão mais profunda do design thinking para todos os participantes, que agora podem aplicar essa metodologia em seus projetos futuros.
Os dias de Design Sprint foram uma experiência muito enriquecedora para todos os envolvidos e com certeza será utilizada em futuros projetos da empresa.
Este artigo serve para demonstrar a utilidade do Design Sprint como uma ferramenta eficaz para solucionar problemas de negócios de forma colaborativa e ágil
O design sprint é uma das ferramentas que possuo em meu repertório. Que tal ver um relato de como foi construir a área de design em uma empresa ou uma outra ferramenta de co-criação?